quarta-feira, 20 de janeiro de 2010

Haiti


O Haiti passou rapidamente de (quase) ilustre desconhecido no espectro geográfico mundial, para o país que ficou pelas piores razões no epicentro da agenda política e social do mundo.

Até há uma semana atrás, o Haiti era conhecido como o país que há uns anos atrás andou em revolução ou então como o país que divide a ilha com a Republica Dominicana.


Quase que apostaria que a grande maioria dos veraneantes que escolhem a dominicana como destino sabiam até há uma semana que o Haiti partilhava a "Hispaniola" (nome que Colombo deu à ilha)


Hoje em dia, tudo escreve, tudo comenta, tudo opina. O sentimento é global: É uma tragédia que retira capacidade de reacção a qualquer nível. Pensamos nestas alturas que, quer os muito ricos, quer os muito pobres, poderão ter ficado entre os escombros. Morreram maus, bons, Haitianos, mas também ingleses, americanos e até japoneses que faziam parte da ONU estacionada no território.


Isto para dizer, que quando a tragédia chega, chega a todos e não escolhe pessoas, idades ou condição social.


Confrange ver seres humanos a desesperar por água e comida. Já não falo de abrigo, porque felizmente, sendo um país quente e seco, dormir ao relento será o menor dos problemas.


Oito dias após o terramoto, vi ontem numa reportagem televisiva, gente a degladiar-se e a lutar por comida. Vi polícias e "marines" a enxotar essas pessoas. Pensei que se estivesse alí na condição daquela gente, com a minha filha a chorar com fome, provavelmente teria a mesma reacção, i.e., lutaria por obter algo para lhe dar.


São os instintos básicos de sobrevivência a virem ao de cima. Ninguém pode condenar. Devemos é rezar para que a ajuda chegue rapidamente àquela parte do mundo.


Mais uma vez, ficou a nu a nossa (portuguesa) inépcia de pôr a funcionar qualquer plano de contingência para fazer face a uma catástrofe. Ainda ontem a nossa equipa de intervenção não tinha conseguido entrar em acção. Passaram todo o dia em reunião. Já no dia anterior, o da chegada, também estiveram reunidos a planear a intervenção. Se a esta postura de actuação juntarmos o recambolesco episódio do avião que teve que voltar para trás... dir-se-ia que se os Haitianos dependessem da nossa ajuda para sobreviver, estavam bem arranjados.


Se não desse vontade de chorar, dava vontade de rir.


As ironias do destino, patentes na quantidade de ajuda humanitária que está a ser disponibilizada a nível mundial (não só para a sobrevivência, mas para a reconstrução do país) é que durante anos e anos, ninguém quis saber do Haiti e do seu miserável povo e agora, até a Charlize Theron está preocupada com o tema.


Enfim! Misteriosos desígnos da humanidade!

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